Diante da dificuldade da mudança de hábitos, existe mesmo uma justificativa plausível? Incluir novos hábitos pode parecer exigir um grande esforço, mas pode ser mais simples do que você pensa.
Muitas vezes não valorizamos o privilégio que temos para mudar o estilo de vida fazendo, por exemplo, simples exercícios como caminhadas ao ar livre. Fui convidado a apresentar uma palestra para um grupo de mães no bairro Rubem Berta, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O grupo tem recebido estudos bíblicos por alguns meses ou anos. São pessoas simples da comunidade e muitas delas não sabem ler nem escrever.
O bairro é formado por habitantes da antiga favela da Vila Dique, construído quando as autoridades resolveram mudar a comunidade para um lugar mais humanitário com casas pequenas de alvenaria, construções simples, mas bem mais adequadas do que viver em barracos ao lado de um córrego poluído (que era a característica da Vila Dique).
Mas voltando à palestra, como eram pessoas que estavam estudando a Bíblia, levei a minha Bíblia e comecei falando sobre Genesis 1:29, o verso tradicional para promover o vegetarianismo ou a dieta à base de plantas. Realcei o fato de que a dieta original dada ao ser humano por Deus continha somente alimentos de origem vegetal. Aí realcei que hoje a ciência está descobrindo que a dieta à base de plantas tem propriedades anti-inflamatórias e é considerada ideal para a prevenção de diabetes, enfermidades cardíacas e câncer.
Outra realidade
Até aí tudo correu bem. As mães estavam animadas falando sobre os alimentos vegetais que apreciavam e até se mencionou a vantagem de comer mais feijões e outras leguminosas. O segundo verso bíblico que usei foi o de Genesis 2:15, que fala que Deus criou o homem e o pôs no jardim do Eden para o lavrar e guardar. Este é o verso para o exercício e para a vida ao ar livre – normalmente, ao comentar este verso, falo sobre a importância do exercício, ar puro, luz solar, beber água, e, é claro, do contato com a natureza. Foi aí que a coisa complicou!
Depois dos meus comentários, uma senhora respondeu imediatamente: “Aqui não dá pra fazer isso. Não dá pra andar na rua! É perigoso porque tem tiroteio direto, dia e noite!” Depois disso, começou uma discussão e algumas mães vieram em minha defesa dizendo que então deveriam caminhar dentro de suas casas e seus pátios, sem ir para fora.
E eu comecei a pensar. Onde estou eu? Que lugar é este onde me meti? E por alguns momentos fiquei pensando em minha segurança pessoal. Mas meus pensamentos se voltaram para as mães. Naquela hora, não importava o que eu estava sentindo ou que por alguns minutos eu estava num lugar inseguro. Aquelas senhoras viviam ali 24 horas por dia e sete dias por semana. Estavam ali naquele momento com seus filhos pequenos. Saíram de casa enfrentando todos os riscos para se reunirem naquele local ignorando o que poderia acontecer. E agora, diante do desafio de ter que fazer exercício fora de casa, elas simplesmente tiveram aquela reação.
Felizmente, conseguimos direcionar a coisa para o exercício dentro de casa. E para o fato de que a dona de casa em suas atividades cuidando das crianças, cozinhando, limpando a casa e lavando a roupa, tem suficiente oportunidade para o exercício e talvez não necessite praticar exercício fora de casa.
Mas aquilo me fez pensar novamente: que desculpa tenho eu para não fazer exercício? Qual é a sua desculpa? “Ah, hoje está muito frio, não posso caminhar!” Ou outras como: “Está muito quente, muito vento, estou muito cansado, meu tênis está sujo, não tenho tempo etc. Mas nunca ouvi: “Não faço porque tenho medo de levar um tiro!” Assim, a menos que a sua vida realmente esteja em risco, você não tem uma desculpa racional para não fazer exercício. Na verdade, a sua vida estará em risco se você não o fizer.
Portanto, a prescrição é bem simples: andar. Não precisa de equipamento especial, não precisa pagar nada, não requer habilidade e praticamente todos o podem fazer. Agora me diga uma coisa: qual é a sua desculpa? Tem você realmente uma desculpa para não caminhar?
“Naquele mesmo dia, dois deles estavam indo para um povoado chamado Emaús, a onze quilômetros de Jerusalém. No caminho, conversavam a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” (Lucas 24: 13-15).